segunda-feira, 1 de agosto de 2016

OS DESAFIOS DA ESQUERDA EM SALVADOR

Já comentamos aqui o porquê de não acreditarmos que a eleição em Salvador está dada. Além da furada que é confiar em pesquisa tão longe do dia da votação, o prefeito não enfrenta oposição ao seu discurso oficial e fatura sozinho todas as melhorias que nossa cidade vive nos últimos anos e, claro, o período de campanha mudará isso. Sem medo de errar: ACM Neto está no seu teto e a tendência para as eleições é de queda.

Mas quais são os desafios da esquerda? Quais são as estratégias da candidatura de Alice Portugal? Quais caminhos a coligação PCdoB, PT, PSB, PSD e PTN seguirá para se consolidar como alternativa real à reeleição do demista?

A convenção deste domingo (31), realizada no IFBA do Canela, já aponta algumas pistas.

A primeira delas foi dada pelo ex-governador, Jaques Wagner: “Vamos nacionalizar essa campanha e mostrar que quem está contra nós são os caras do golpe. Como alguém vai ter coragem de ir pra rua pedir voto depois de desrespeitar o voto de 54 milhões de brasileiros?” afirmou o ex-ministro da Presidenta Dilma.

O debate em torno da legitimidade do presidente interino Michel Temer e do próprio processo de impeachment é um elemento que aglutina a militância progressista, anima os defensores do campo democrático e popular, e demarca bem os grupos políticos que disputarão a prefeitura. De um lado os que historicamente caminharam juntos na resistência à Ditadura, pelas Diretas e na sustentação dos Governos Lula e Dilma. Do outro, os partidos conservadores, com tradição de apoio ao regime militar (Arena/PFL/Democratas), que formaram base aliada de FHC e agora de Temer.

O segundo elemento diz respeito ao caráter elitista do prefeito e do seu governo. Há uma percepção que Neto – assim como foi Imbassahy – privilegiou investimentos nas áreas nobres da cidade, em detrimento dos bairros populares. Esse discurso fica evidente nas declarações do atual governador. "O gestor [ACM Neto] fez uma escolha: trocar o passeio do Rio Vermelho por R$ 70 milhões. Ele poderia ter feito outra opção e ter feito 30 creches pro povo da periferia de Salvador" disse Rui Costa.

Essas duas visões sobre a disputa em Salvador foram sintetizadas no discurso da própria candidata Alice, que incluiu ainda a questão da diversidade ao afirmar que “agora é a vez dos guerreiros e das guerreiras, das mulheres, dos homens, daqueles que lutam pela moradia, dos sindicatos, das associações dos bairros, dos intelectuais da esquerda, dos artistas e de quem mais vier nos apoiar para banir da cidade a visão elitista, golpista, a visão de quem não ama o povo de Salvador”.

Esses discursos são suficientes para derrotar a aliança conservadora que ocupa o Thomé de Souza? Certamente não. A campanha deverá ser capaz de aprofundar a crítica a administração do DEM (reconhecendo o que deu certo e apontando soluções para o que não deu); ampliar o alcance do diálogo com todos os setores da sociedade soteropolitana; e apresentar propostas que sejam inovadoras e reais.

Mas estes pontos de partida são importantes pois se mostram capazes de reunir forças políticas que historicamente representam por volta de 30% do eleitorado de Salvador e que tem energia necessária para vencer as eleições.

Como bem disse Alice, quem cresceu enfrentando o avó, não vai temer o neto...



Obs: segue abaixo foto histórica que sintetiza o campo democrático reunido em torno da candidatura de Alice (enviada pelo companheiro Nélson Simões).


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