Já comentamos aqui o porquê de não acreditarmos que a
eleição em Salvador está dada. Além da furada que é confiar em pesquisa tão
longe do dia da votação, o prefeito não enfrenta oposição ao seu discurso
oficial e fatura sozinho todas as melhorias que nossa cidade vive nos últimos
anos e, claro, o período de campanha mudará isso. Sem medo de errar: ACM Neto está
no seu teto e a tendência para as eleições é de queda.
Mas quais são os desafios da esquerda? Quais são as
estratégias da candidatura de Alice Portugal? Quais caminhos a coligação PCdoB,
PT, PSB, PSD e PTN seguirá para se consolidar como alternativa real à reeleição
do demista?
A convenção deste domingo (31), realizada no IFBA do Canela,
já aponta algumas pistas.
A primeira delas foi dada pelo ex-governador, Jaques Wagner:
“Vamos nacionalizar essa campanha e mostrar que quem está contra nós são os
caras do golpe. Como alguém vai ter coragem de ir pra rua pedir voto depois de
desrespeitar o voto de 54 milhões de brasileiros?” afirmou o ex-ministro da
Presidenta Dilma.
O debate em torno da legitimidade do presidente interino Michel
Temer e do próprio processo de impeachment é um elemento que aglutina a
militância progressista, anima os defensores do campo democrático e popular, e
demarca bem os grupos políticos que disputarão a prefeitura. De um lado os que
historicamente caminharam juntos na resistência à Ditadura, pelas Diretas e na
sustentação dos Governos Lula e Dilma. Do outro, os partidos conservadores, com
tradição de apoio ao regime militar (Arena/PFL/Democratas), que formaram base
aliada de FHC e agora de Temer.
O segundo elemento diz respeito ao caráter elitista do
prefeito e do seu governo. Há uma percepção que Neto – assim como foi Imbassahy
– privilegiou investimentos nas áreas nobres da cidade, em detrimento dos
bairros populares. Esse discurso fica evidente nas declarações do atual governador.
"O gestor [ACM Neto] fez uma
escolha: trocar o passeio do Rio Vermelho por R$ 70 milhões. Ele poderia ter
feito outra opção e ter feito 30 creches pro povo da periferia de
Salvador" disse Rui Costa.
Essas duas visões sobre a disputa em Salvador foram
sintetizadas no discurso da própria candidata Alice, que incluiu ainda a
questão da diversidade ao afirmar que “agora é a vez dos guerreiros e das
guerreiras, das mulheres, dos homens, daqueles que lutam pela moradia, dos
sindicatos, das associações dos bairros, dos intelectuais da esquerda, dos
artistas e de quem mais vier nos apoiar para banir da cidade a visão elitista, golpista,
a visão de quem não ama o povo de Salvador”.
Esses discursos são suficientes para derrotar a aliança
conservadora que ocupa o Thomé de Souza? Certamente não. A campanha deverá ser
capaz de aprofundar a crítica a administração do DEM (reconhecendo o que deu
certo e apontando soluções para o que não deu); ampliar o alcance do diálogo
com todos os setores da sociedade soteropolitana; e apresentar propostas que
sejam inovadoras e reais.
Mas estes pontos de partida são importantes pois se mostram
capazes de reunir forças políticas que historicamente representam por volta de
30% do eleitorado de Salvador e que tem energia necessária para vencer as eleições.
Como bem disse Alice, quem cresceu enfrentando o avó, não
vai temer o neto...
Obs: segue abaixo foto histórica que sintetiza o campo
democrático reunido em torno da candidatura de Alice (enviada pelo companheiro
Nélson Simões).
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