sexta-feira, 5 de agosto de 2016

SOBRE A CERIMÔNIA DE ABERTURA DA RIO 2016

Notas e impressões rápidas sobre a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016:

- Eu esperava muito da Cerimônia. Quem tem a criatividade que o povo brasileiro tem, a expertise profissional em festas, espetáculos e grandes eventos, quem faz o Carnaval da Marquês e o Boi de Parintins, não teria nota de saída baixa, né? Não teve e alcançou. Belíssima execução e um roteiro muito, muito bom!

- Os temas principais, as mensagens enviadas, os assuntos escolhidos marcaram fortemente quem assistiu e certamente ficarão para a história das Olimpíadas.

Diversidade, multiculturalidade, tolerância, respeito e convivência pacífica e harmoniosa entre os povos é tema central das discussões mundiais. Trump, Estado Islâmico, Migração, Populismo, Brexit, dialoga com tudo isso e mais: ao usar a história do Brasil como case, os autores/redatores/roteiristas chegaram a avançar no debate e colocar a questão da miscigenação na mesa - por mais que EUA, Europa, Rússia e China achem o tema indelicado...

E a questão do meio ambiente, da preservação, do desenvolvimento sustentável, da ecologia, da mesma forma, um grande acerto. Tudo bem, vá lá que nesse caso o exemplo histórico brasileiro não chegue a ser considerado positivo quase sob nenhum aspecto, mas se erramos para trás, o para frente ainda nos impõe enormes responsabilidades e nos coloca, invariavelmente, como um importante player mundial - seja pela dimensão continental do nosso território, pelo tamanho da nossa economia e população, seja pelos recursos naturais abundantes. Podemos não ter socorrido a Baía de Guanabara como deveríamos, mas isso não nos impediu de pela primeira vez na história dos Jogos colocar o tema ambiental em primeiro plano.

- Sei que uma galera gostou dos fogos. Confesso que não vi nada demais. Surpreendente é extraordinário mesmo, a meu ver, foram o "palco-piso" do gramado e seus efeitos; além da pira-sol. Diria meu irmão: brocaram!

- Aquela história que Fernando Meirelles falou o fia inteiro sobre Gambiarra, Jeitinho, Improviso, na boa, era desculpinha. Era um tipo de pedido de perdão antecipado caso algo desse errado ou saisse mal executado. Deu tudo certo e não vimos gambiarra nenhuma, Sr. Meirelles!

- Na política, obviamente, dois destaques: 1) as manobras de Temer para fugir, para evitar ser citado, que deixaram os telespectadores do mundo inteiro se perguntando "O Brasil não tem presidente?" e 2) as vaias, pois Temer foi vaiado, inegavelmente vaiado e por uma plateia que pago 2, 3 mil reais por ingresso...

- Tem a coisa da cobertura das transmissões brasileiras, também. Além do spoiler, e da necessidade de falar, falar, falar sem parar, uma coisa me chamou atenção (negativamente): a capacidade que a grande mídia tupiniquim tem de ser mais realista que o rei, e puxar mais o saco dos EUA e da lógica Ocidental que os próprios caras. Em outras palavras, enquanto reproduziam discurso oficial sobre tolerância e integração dos povos do mundo, faziam comentários "estranhos", vou classificar assim, sobre os países não-alinhados. "Aí vem a Rússia que é o maior escândalo da história olímpica". "Olha a delegação da polêmica Venezuela". "O mais exótico dos países presentes, a Coreia do Norte".

- Para fechar, tem que condenar, e se envergonhar, dos nossos vira-latas de plantão. Pelo amor de Deus! Teve Luiz Melodia, Tom, Vinícius, Caetano, Jorge Ben, Elza Soares, Zeca Pagodinho e teve Ludmilla e Anitta sim, senhor! Comparando com Londres, na boa, Caetano e Gil nada devem a Paul e John; Jorge Ben é um tipo de Mick Jagger; e Ludmilla e Anitta são melhores que as tais Spice Girls. Lamentar a cultura nacional e subjugar nossa produção em meio às Olimpíadas, ou à Copa do Mundo, é síndrome da classe média semialfabetizada...

- Para fechar mesmo, Londres teve 95 chefes de estado presentes; Pequim teve 80; Temer se contentou com 30 e tantos (MRE não divulgou lista) e o único país realmente importante, a França, veio para fazer campanha para Paris 2024.










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