sábado, 15 de outubro de 2016

HORÁRIO DE INVERNO DURARÁ 20 ANOS


Amanhã começa o Horário de Verão. Não é somente adiantar o relógio em uma hora. É antecipar a vida. Acordar uma hora antes, perder a referência do nascer do sol, é bagunçar pousos e decolagens dos vôos e para quem mora em estados não atingidos pelo novo fuso, é perder a novela, o futebol, o programa de TV favorito - e ainda ver o tempo bancário reduzido em uma hora.

Mas a gente meio que estava acostumado, né?

A gente também estava acostumado a votar para Presidente, a escolher qual programa político seria implementado no país, a gente estava acostumado - apesar de todas as dificuldades - a ver os orçamentos da Educação, da Saúde e Assistência Social crescendo ano a ano...

Daí veio Temer, veio o governo sem voto, veio o projeto sem respaldo da urna e a famigerada PEC 241. Contraditoriamente, amanhã o Brasil entra no Horário de Verão e com a PEC 241 podemos entrar num inverno de duas décadas.

"The winter is coming", dirão os fãs de Game of Thrones...

Para quem acha que pode haver certo exagero neste prognóstico, sugiro a leitura da Nota 28 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), assinada no mês passado pelos pesquisadores Fabíola Sulpino Vieira e Rodrigo Pucci de Sá. Segundo o estudo, a Saúde perderá R$ 73.000.000.000,00 em recursos. É muito zero, né? Mas é isso mesmo: 73 bilhões de reais em investimentos em Saúde.

O governo sem voto, e por isso ilegítimo, vende em parceria com a grande mídia a ideia de que estão cortando na carne. E realmente estão. Cortam na carne dos brasileiros e brasileiras que dependem do serviço público para ter acesso a direitos fundamentais.

A proposta da PEC 241 prevê o congelamento dos gastos federais em Educação, Saúde e Assistência, dentre outros, por duas décadas. Para a gente ter uma ideia do que isso significa na prática, nos últimos quinze anos, o incremento real  nestas áreas nos permitiu investir mais de R$ 100 bilhões - quantia ainda insuficiente para suprir as necessidades da população e muito aquém de elevar nosso país à condição de Estado de Bem-estar Social, como prevê nossa Constituição.

Em outras palavras, há 15 anos a gente investe 100 bi nestas áreas e ainda tínhamos muito para avançar. Com a PEC 241, não haverá mais esse investimento (ficará restrito à correção inflacionária) e temos a certeza que as políticas públicas sofrerão retrocesso na qualidade e quantidade. 

Perderemos uma hora de banco, e também a possibilidade de novas universidades federais; perderemos uma hora de sono, e também novas unidades de saúde; perderemos o vôo, e infelizmente perdemos o caminho de construção de um país mais justo, com oportunidades e direitos para todos e todas.

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