terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O MANTRA DE MEIRELLES NÃO FAZ MÁGICA.

É PRECISO RETOMAR A AGENDA DA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, CONSUMO E INVESTIMENTO.



Está em todos os jornais de hoje (apesar de não estar na manchete de capa, como provavelmente estaria se fosse um governo do PT): FMI REDUZ CRESCIMENTO DO BRASIL EM 2017. O relatório do Fundo Monetário Internacional afirma que "a recuperação da economia brasileira será ainda mais lenta do que se pensava". A estimativa do FMI é que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017 será de 0,2%, menos que os já modestos 0,5% previstos em outubro. A "saída mais lenta da recessão" no Brasil puxou para baixo o crescimento como um todo da América Latina em 2017, dizem os jornais.

Aliás, registre aí, que o próprio Banco Central do Brasil já havia cravado o mesmo percentual do Fundo: 0,2%.

Não se trata de comemorar má notícia. Não sou daqueles que torcem para o mar pegar fogo e, assim, comer peixe frito. Quem fez isso foi Aécio, Temer, Cunha e cia limitada ao, por exemplo, não reconhecer o resultado das eleições e trabalhar diuturnamente pela inviabilização do Governo Dilma – quem não se lembra das Pautas-Bomba?

Trata-se, entretanto, de mais uma vez alertar para os equívocos do governo golpista e de constatar mais um dos seus erros. Temos dito e repetido: não dá para aceitar o fim do círculo virtuoso da distribuição de renda, consumo e investimentos – públicos e privados – em favor de um neoliberalismo tardio e atrasado. Não dá para deixar de focar na elevação da renda, do poder de compra, dos índices de emprego, para apostar tão somente em juros, câmbio e indicadores de confiança.

Temer parece estar cego; Meirelles mais ainda.

Após a divulgação das projeções do BC e do FMI, o ministro da Fazenda, direto da gélida Davos, me sai com essa: “A economia brasileira chegará ao último trimestre de 2017 com crescimento de 2% em ritmo anualizado”. Desde a sua posse Meirelles diz e repete esse tipo de afirmação como um mantra de capacidade mágica tal que, somente por ele continuar a dizer e repetir, as coisas acontecerão assim.

Não irão.

É urgente a retomada do tripé que deu sustentação ao período de amplo desenvolvimento econômico e social da Era PT (Lula e Dilma): (i) distribuição de renda; (ii) consumo de massa; e (iii) retomada dos investimentos públicos e privados.

Prova disso que os mesmos jornais de hoje apontam uma contradição com as informações positivas "vendidas" por Meirelles. A Folha, por exemplo, informa que "O Brasil perde 4 posições em ranking de países mais atrativos para negócios". É o que revela a 20ª pesquisa da PricewaterhouseCoopers com 1.379 executivos-chefes de 79 países, divulgada, como vem sendo tradicional, na véspera da abertura do Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial. De acordo com o jornal, "na mais recente pesquisa, feita em 2016 e divulgada nesta segunda-feira (16), são apenas 8% os que dão idêntica importância ao Brasil, agora o sétimo colocado. Em 2011, ao iniciar-se o governo de Dilma Rousseff, 19% dos executivos das grandes companhias punham o Brasil em terceiro lugar na lista dos três países em que viam maiores oportunidades de negócios, excetuando, claro, seus próprios países.

Insisto, estamos longe de celebrar os erros do governo. Até porque sabemos que quem paga a parcela mais alta desses equívocos são os mais pobres. Estamos afirmando que uma outra agenda é necessária e urgente. A simples aposta de que a psicologia, a expectativa positiva, o nível de confiança trará de volta o crescimento é um erro sem tamanho.

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